
Essa imagem é de um vídeo chamado "A quoi ça sert l'amour?" que, apesar de a música ser em francês, é auto-explicativo.
Eu tava lendo esses dias o blog da Nina Lotus, e encontrei um texto sobre as diferenças entre homens e mulheres, e como as pessoas do meu tempo acabaram lidando com a coisa. Resolvi levar este texto aqui a termo, então, pra dar seguimento à discussão.
(Emílio Dantas - Quem pode dizer que não?)
Era incompatível
Mas incrível era a maneira de ser vivo
Só pelo fato de não compatibilizar
Simples e claro assim como na escuridão
É confuso de se enxergar
Era inconsciente, por escolha, não saber o que era a gente
Linda displicencia de deixar pra lá
Como sincronizar as batidas dos seus pés no chão
No compasso do meu coração
Há quem fale em feminismo e direitos iguais entre homens e mulheres. São idéias discutidas há algum tempo na nossa sociedade. Não dá muito certo porque o fato é que há sim diferenças entre homens e mulheres, e essa coisa enxertada de ignorá-las acaba gerando um certo desconforto. Como não podia deixar de ser, nossa sociedade especial (cheia de especialistas) que sabe mais do que qualquer outra que já pisou nesse planeta (até parece) adicionou a essas idéias que tratam de homens e mulheres o mote: "mas celebrando as diferenças". O que infernos eles querem dizer com isso?
Não sei muito bem, mas provavelmente viram que feminilidade rende lucro, grana, e por isso optaram pelo adendo. Se assemelha muito ao código contraditório que nos é transferido todos os dias que nos torna ansiosos, desorientados e nos faz perder a noção do que de fato é necessário nas nossas vidas e dos riscos e benefícios que podemos nos permitir. Em suma, nos torna consumidores de não sei o que, não sei por que.
Já dizia o menininho de Um tira no jardim de infância, cujo pai era ginecologista: "Meninos têm pênis, meninas têm vagina". Certo, menininho, mas as diferenças vão muito além desta bastante evidente. Talvez até seja este mesmo o começo das diferenças, o biológico.
O aparelho reprodutor do homem é estruturado para fecundar a maior quantidade de mulheres possível, de forma a passar adiante seus genes (de acordo com a teoria do gene egoísta de Dawkins, ou o que eu acho que ela diz, não pensem que eu li Dawkins) ou sei lá o que. Sendo assim, a idéia inicial é relacionar-se com a maior quantidade possível de mulheres, o que não tem nada a ver com afeto.
Já as mulheres precisam investir em média 36 semanas na vida que pretendem gerar. O elo entre mães e filhos é muito mais intenso e evidente do que o de um pai. Este investimento está presente na forma com que mulheres lidam com os relacionamentos, é o que faz com que para investir em um relacionamento, a mulher precise necessariamente desinvestir nos relacionamentos anteriores.
O aparelho reprodutor feminino é uma conjunção de fenômenos e ciclos, todo marcado por momentos, em função das células tão preciosas que são os óvulos (é, em suma, lindo) enquanto que o do homem é melhor descrito como linear e constante, que gira em função de células infindáveis. Sendo assim, as condições quem impõe é a mulher. Ao homem resta correr atrás destas condições.
Isto posto, não parece absurdo querer tratar tudo como uma e a mesma coisa? Pois é.
Há quem a essa altura do texto esteja pensando que não é bem assim que acontece, que conhece milhares de situações totalmente diversas do que foi colocado. Eu não estou com este texto pretendendo falar do que a dialética homem-mulher é, mas em cima do que ela é construída. E o fato é que a forma com que lidamos com essa diferença (negá-la, inclusive) é uma obra feita a várias mãos, que começa no dia em que nascemos e acaba incompleta no dia em que morremos.
Há também quem pense que, desta forma, homens e mulheres estão fadados a se machucar e se enganar, e se decepcionar indefinidamente até o apocalipse, tamanha a diferença entre os pontos de vista e as formas de se lidar com essa questão tão fundamental.
Até onde eu entendo, esse equilíbrio tão desequilibrado, frágil e penoso são o que torna o amor algo tão absurdamente belo.
E se o coveiro se apaixonar pela morte?
Se o azar quiser beijar a sorte?
Se o fim resolver ficar mais perto do começo, quem pode dizer que não?
Era essa vontade de metade pra quem sabe ser inteiro
Mesmo que a vontade também fosse meio
Confuso e escuro assim como é simples chegar
Quando tudo se clarificar
Era a conclusão de que isso tudo era ilusão
Como se fosse a única coisa real
Como não entender o sorriso que vem ao querer
Esse seu doce gosto de sal
É isso, até a próxima ;)