quarta-feira, 4 de abril de 2007

Da publicidade.

Sabe, eu sempre pensei muito que, ao invés de médico, pudesse me tornar um publicitário. Publicitários cuidam de passar idéias para as pessoas, e eventualmente idéias que despertam o que há de melhor nelas. E então eu me lembrei que ser publicitário implica em ter que vender coisas.

E então eu paro diante da televisão na hora do comercial e vejo o que estão fazendo com as pessoas do meu tempo. É um massacre: Aproveite a vida, eles dizem, porque ela é agora, intensamente, mas com moderação, seja radical, mas sem correr riscos, ganhe energia para o seu dia a dia e relaxe, seja bonita do jeito que você é e compre agora o produto que vai te deixar igualzinha uma modelo.

Você não fica confuso vendo propaganda? Eu fico...

Não, consumir não vai te fazer feliz, consumir não vai te tornar mais amável, consumir não vai te dar a mulher dos sonhos (apesar de haver uma mulher nos sonhos em cada comercial), consumir não vai te tornar outra pessoa. Não, não vai acontecer. Não por isso.
As pessoas vendem produtos, eles são bons ou ruins, você pode querê-los ou não, e não há nada de errado nisso, mas não passam de produtos.

As pessoas do meu tempo vieram ao mundo para tomar algo de mim e de você. Legal se elas um dia se contentarem em simplesmente dar o seu melhor para o mundo. O dia que isso acontecer, a publicidade vai se libertar do seu compromisso com o consumo e virar uma forma de arte. Uma bela forma de arte vai ser, diga-se de passagem.

2 comentários:

Anônimo disse...

Hummm!
Será que todo mundo que faz Medicina tem este sonho oculto de fazer Publicidade/Comunicação.
Eu tenho uma vontade absurda de fazer uma faculdade disso!
E estudo Medicina.
São tantos termos técnicos, tantas preocupações,dosagens e a doação que fazemos de nós mesmos para o bem de um outro ser ,que ficamos ali, num cantinho,loucos pra colocar pra fora tudo o que a gente percebeu sobre a vida;
a minha,sua,dos outros.
Talvez por isso, vejamos a comunicação como uma balsa pra nos libertar deste mundo denso, de extrema retidão para algo mais frouxo, mais leve , ou pelo menos, menos pesado. :)

beijo ,Carrara!!
Rach

Nina disse...

Fantástico!
Adorei a maneira como vc escreve! Se bem que eu já esperava que vc escrevesse bem.
Mas acho que todo médico tem emsmo essa vontade de fugir de vez em quando para qualquer outra carreira louca... No meu caso, ainda penso de vez em quando:

"Por que eu não fui fazer arquitetura como o meu teste vocacional recomendou? Olha onde eu fui amarrar o meu bode!!!"

Beijo grande!!
Escreva mais!