segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Músicas excelentes que você nunca vai ouvir em lugar nenhum - parte I


Esta música é de uma banda chamada BôA, e chama-se Duvet. É a abertura de um Anime chamado Serial Experiments Lain que é muito bom e muito doido, do jeito que eu gosto.


Achei no Youtube esta versão acústica, com uma boa seleção de imagens da série, aqui vai:




Esta é a letra.

And you don't seem to understand
A shame you seemed an honest man
And all the fears you hold so dear
Will turn to whisper in your ear
And you know what they say might hurt you
And you know that it means so much
And you don't even feel a thing

I am falling,
I am fading
I have lost it all

And you don't seem the lying kind
A shame then I can read your mind
And all the things that I read there
Candle lit smile that we both share
and you know I don't mean to hurt you
But you know that it means so much
And you don't even feel a thing

I am falling,
I am fading,
I am drowning
Help me to breathe
I am hurting,
I have lost it all
I am losing
Help me to breathe...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

O Convite.




Não me interessa saber o que você faz para ganhar a vida
Quero saber o que você deseja ardentemente, se você ousa sonhar em atender aquilo pelo qual seu coração anseia
Não me interessa saber sua idade
Quero saber se você se arriscará parecer um tolo por amor, por sonhosm pela aventura de estar vivo
Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com a sua lua
Quero saber se tocou o âmago da sua dor, se as traições da vida o abriram ou se você tornou-se murcho e fechado por medo de mais dor
Quero saber se pode suportar a dor, minha ou sua, sem procurar escondê-la, reprimi-la ou narcotizá-la
Quero saber se você pode aceitar alegria, minha ou sua, se pode dançar com abandono e deixar que o êxtase o domine até as pontas dos dedos das mãos e dos pés, sem dizer para termos cautela, sermos realistas, ou nos lembrarmos das limitações de sermos humanos
Não me interessa se a história que me conta é verdade
Quero saber se consegue desapontar outra pessoa para ser autêntico consigo mesmo, se você pode suportar a acusação de traição e não trair a sua alma. Quero saber se você pode ver beleza mesmo que ela não seja bonita todos os dias, e se pode buscar a origem da sua vida na presença de Deus
Quero saber se você pode viver com o fracasso, seu e meu, e ainda, à margem de um lago, gritar para a lua prateada: "Eu posso!"
Não me interessa saber onde você mora nem quanto dinheiro tem
Quero saber se pode levantar depois de uma noite de sofrimento e desespero, cansado, ferido até os ossos, e fazer o que tem que ser feito pelos filhos
Não me interessa saber quem você é ou como veio parar aqui
Quero saber se você ficará comigo no centro do incêndio e não se acovardará
Não me interessa saber onde, o que, ou com quem você estudou
Quero saber o que te sustenta a partir de dentro, quando tudo mais desmorona
Quero saber se consegue ficar sozinho consigo mesmo e se, realmente, gosta da companhia que tem nos momentos vazios.

Texto inspirado por Sonhador da Montanha Oriah, ancião índio americano, em maio de 1994.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Metade

Eu preciso colocar este texto aqui, pelo simples motivo que ele fala de mim, mesmo sem se saber assim. Amanhã sigo com as minhas próprias letrinhas.

Metade
Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
E a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
E a outra metade não sei
Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é a canção
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

É isso,
até a próxima ;)

domingo, 4 de novembro de 2007

Depois de um longo silêncio.




Antigamente eu achava que era melhor do que as outras pessoas porque tirava boas notas.
Mas aí na 3ª série eu tirei um seis que me rendeu um dos mais inesquecíveis esporros que eu já levei.


Antigamente eu achava que era melhor do que as outras pessoas porque não fazia bagunça.
Mas aí eu entendi que aquelas mesmas pessoas que faziam bagunça eram mais honestas com a vida do que eu.


Antigamente eu achava que era melhor do que as outras pessoas porque era muito inteligente.

Aí eu descobri pessoas mais inteligentes do que eu e, mais importante do que inteligentes, mais lúcidas do que eu.


Antigamente eu achava que era melhor do que as outras pessoas porque fazia algo melhor do que todo mundo, era só questão de achar o que era.
Essa teoria eu nunca consegui comprovar.


Antigamente eu achava que era melhor do que as outras pessoas porque sempre fui mais maduro para a minha idade do que elas.
Mas aí eu descobri que a minha maturidade estava mais no meu discurso do que nos meus atos.


Antigamente eu achava que era melhor do que as outras pessoas porque passei de primeira para medicina numa faculdade pública
Mas aí eu entendi que a jornada de cada um rumo ao profissional que se tornarão não têm absolutamente nada a ver com a carga horária cumprida na faculdade, muito menos com a faculdade em si.


Antigamente eu achava que era melhor do que as outras pessoas porque tinha um futuro brilhante à minha frente.

Mas aí eu descobri que futuro é aquilo que vem depois do presente, e depende um bocado do que se faz no presente. Apesar de não ser totalmente aleatória, a vida não é um jogo de cartas marcadas.


Antigamente eu achava que era melhor do que as outras pessoas porque seguia as regras do jogo independente de qualquer coisa.
Aí eu entendi que regras são feitas para serem quebradas.


Antigamente eu achava que era melhor do que as outras pessoas porque não usva drogas.

Aí eu descobri que desde o início do tempo as pessoas usam drogas por um motivo ou por outro, que nenhuma civilização, sem exceção, prescindiu das drogas, e portanto eu era uma aberração.


Antigamente eu achava que era melhor do que as outras pessoas porque nunca matei.

Até descobrir que, movido pela emoção certa, eu sou capaz de matar como qualquer outra pessoa.


Antigamente eu achava que era melhor do que as outras pessoas porque eu era um bom samaritano.

Até descobrir dentro de mim uma criatura tão perversa quanto bondosa é sua aparência.


Antigamente eu achava que era melhor do que as outras pessoas porque sabia dar valor às amizades que eu tenho.
Até me ver me perdendo dos meus amigos de verdade.


Antigamente eu achava que era melhor do que as outras pessoas porque nunca tinha dado as costas a alguém que me tivesse amado de verdade.
Até hoje.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Disease and terror!

Frase genial de uma música toda genial chamada "Here come the bombs". Quem canta é o Ima Robot.

"We don't charge extra touching fees, so touch me please".

Vai dizer que não é um barato? :D

É isso, por ora,
até a próxima ;)

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Comfortably numb




Hello (hello)Hello (hello)

Is there anybody in there?

Just nod if you can hear me

Is there anybody home?

Come on now

I hear you're feeling down

Well I can ease your pain

And get you on your feet again

Relax...

I need some information.. first (first)

Relax...

Just don't face the facts

Can you show me where it hurts

There is no pain you were recedin

gA distant ship locked on the horizon

You're only coming through in waves

Your lips move but I can't hear watcha saying

When I was a child I caught a fever

My hands looked like two balloons

Now i've got that feeling once again

I can't explain to youBut if our love is near

This is how I am

I've been Com-comfortably Numb

Ok (ok)It's just a little pin-prick

There'll be no more Hi

But you may feel a little sick

Can you stand up now

I do believe It's working(uh huh) (uh huh)

Gotta keep it going through the show

C'mon it's time to goC'mon it's time to go

C'mon it's time to goC'mon it's time to go

There is no pain you were receding

A distant ship locked on the horizon

You're only coming through in waves

Your lips move but I can't hear watcha saying

When I was a child I caught a faint glimpse

Out of the corner of my eyeI turned to look but it was gone

To get up on my feet but ohh the child has grown

The dream is goneI've been Com-com-fortably Numb

I've been Com-com-fortably Numb

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Dos bloqueios criativos.


Senhores, estou com um bloqueio pra escrever.


Idéias pro NaNoWriMo (que vou explicar mais perto de quando ele chegar), algumas. Meus dois livros (sim, tenho projeto de dois livros, e de vez em quando eu pego pra adicionar algumas coisas novas) também com algumas idéias. Pra posts, uma meia dúzia. Ótimos, então vamos escrevê-las.


Certo... escrevescrevescreve, apagapagapaga, sucessivamente.


Nessas horas eu agradeço por não depender da escrita para pagar as minhas contas.


Minha musa é bem temperamental, aparece e desaparece quando bem entende (como se fosse uma atriz mimada que quer camarim próprio, toalhas brancas fervidas, champagne, ah, vá se catar!)


Eu quero e vou escrever um post até o fim, com ou sem musa pra me ajudar.


Certo, respira fundo...


É, espero que volte logo do seu passeio, a minha musa.


Até a próxima ;)

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Do Terry Pratchett (seja lá ele quem for, ou o que ele faça)

Eu acabei por coincidência achando esse video aqui no Youtube, fala do começo de um mundo que foi feito por Terry Pratchett, que ainda não conheço (nem o mundo nem seu autor).
Um dos meus sonhos sempre foi criar um mundo, e seus personagens, e suas lendas. Estou no caminho de fazer isso na verdade, mais isso é um projeto mais pra frente (não muito).

Fiquei um tempinho sem postar aqui, mas agora vou voltar a ter um pouco mais de regularidade, se meu pragmatismo e a pós-graduação me permitirem.

Até a próxima ;P

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Letras e música, parte I




Essa imagem é de um vídeo chamado "A quoi ça sert l'amour?" que, apesar de a música ser em francês, é auto-explicativo.


Eu tava lendo esses dias o blog da Nina Lotus, e encontrei um texto sobre as diferenças entre homens e mulheres, e como as pessoas do meu tempo acabaram lidando com a coisa. Resolvi levar este texto aqui a termo, então, pra dar seguimento à discussão.

(Emílio Dantas - Quem pode dizer que não?)

Era incompatível

Mas incrível era a maneira de ser vivo

Só pelo fato de não compatibilizar

Simples e claro assim como na escuridão

É confuso de se enxergar

Era inconsciente, por escolha, não saber o que era a gente

Linda displicencia de deixar pra lá

Como sincronizar as batidas dos seus pés no chão

No compasso do meu coração


Há quem fale em feminismo e direitos iguais entre homens e mulheres. São idéias discutidas há algum tempo na nossa sociedade. Não dá muito certo porque o fato é que há sim diferenças entre homens e mulheres, e essa coisa enxertada de ignorá-las acaba gerando um certo desconforto. Como não podia deixar de ser, nossa sociedade especial (cheia de especialistas) que sabe mais do que qualquer outra que já pisou nesse planeta (até parece) adicionou a essas idéias que tratam de homens e mulheres o mote: "mas celebrando as diferenças". O que infernos eles querem dizer com isso?

Não sei muito bem, mas provavelmente viram que feminilidade rende lucro, grana, e por isso optaram pelo adendo. Se assemelha muito ao código contraditório que nos é transferido todos os dias que nos torna ansiosos, desorientados e nos faz perder a noção do que de fato é necessário nas nossas vidas e dos riscos e benefícios que podemos nos permitir. Em suma, nos torna consumidores de não sei o que, não sei por que.


Já dizia o menininho de Um tira no jardim de infância, cujo pai era ginecologista: "Meninos têm pênis, meninas têm vagina". Certo, menininho, mas as diferenças vão muito além desta bastante evidente. Talvez até seja este mesmo o começo das diferenças, o biológico.


O aparelho reprodutor do homem é estruturado para fecundar a maior quantidade de mulheres possível, de forma a passar adiante seus genes (de acordo com a teoria do gene egoísta de Dawkins, ou o que eu acho que ela diz, não pensem que eu li Dawkins) ou sei lá o que. Sendo assim, a idéia inicial é relacionar-se com a maior quantidade possível de mulheres, o que não tem nada a ver com afeto.


Já as mulheres precisam investir em média 36 semanas na vida que pretendem gerar. O elo entre mães e filhos é muito mais intenso e evidente do que o de um pai. Este investimento está presente na forma com que mulheres lidam com os relacionamentos, é o que faz com que para investir em um relacionamento, a mulher precise necessariamente desinvestir nos relacionamentos anteriores.


O aparelho reprodutor feminino é uma conjunção de fenômenos e ciclos, todo marcado por momentos, em função das células tão preciosas que são os óvulos (é, em suma, lindo) enquanto que o do homem é melhor descrito como linear e constante, que gira em função de células infindáveis. Sendo assim, as condições quem impõe é a mulher. Ao homem resta correr atrás destas condições.


Isto posto, não parece absurdo querer tratar tudo como uma e a mesma coisa? Pois é.
Há quem a essa altura do texto esteja pensando que não é bem assim que acontece, que conhece milhares de situações totalmente diversas do que foi colocado. Eu não estou com este texto pretendendo falar do que a dialética homem-mulher é, mas em cima do que ela é construída. E o fato é que a forma com que lidamos com essa diferença (negá-la, inclusive) é uma obra feita a várias mãos, que começa no dia em que nascemos e acaba incompleta no dia em que morremos.

Há também quem pense que, desta forma, homens e mulheres estão fadados a se machucar e se enganar, e se decepcionar indefinidamente até o apocalipse, tamanha a diferença entre os pontos de vista e as formas de se lidar com essa questão tão fundamental.

Até onde eu entendo, esse equilíbrio tão desequilibrado, frágil e penoso são o que torna o amor algo tão absurdamente belo.

E se o coveiro se apaixonar pela morte?

Se o azar quiser beijar a sorte?

Se o fim resolver ficar mais perto do começo, quem pode dizer que não?

Era essa vontade de metade pra quem sabe ser inteiro

Mesmo que a vontade também fosse meio

Confuso e escuro assim como é simples chegar

Quando tudo se clarificar

Era a conclusão de que isso tudo era ilusão

Como se fosse a única coisa real

Como não entender o sorriso que vem ao querer

Esse seu doce gosto de sal


É isso, até a próxima ;)

P.S.: A música é de Emílio Dantas, vale muito a pena conhecer o novo trabalho dele: http://www.emiliodantas.com.br/

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Das seis bilhões a minha volta, ou Dance, Monkeys Dance!!

Este vídeo do Youtube, chamado "Dance, monkeys, dance!", fala muito do que sinto com relação às pessoas.

Às vezes eu as amo, às vezes eu as odeio, às vezes eu as admiro do fundo do coração, com a mesma força que eventualmente as desprezo. Odeio a forma com que elas me tornam vulnerável. Pelos meus sentimentos, pelas minhas fraquezas, pelo amor que eventualmente devotam a mim, as pessoas conseguem me mobilizar, e desfazer as minhas tolas ilusões sobre a vida. Eu as odeio porque elas me mostram que eu sou humano e cheio de erros.

Talvez o que me torne as pessoas tão insuportáveis seja exatamente o fato de elas serem tão insuportavelmente belas.

Até a próxima ;)

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Da Andy.



Um dia, por puro acaso fui chamado a fazer um roteiro para um mini-filme, e assim eu a conheci. Faríamos o roteiro juntos. O projeto não chegou a ir muito pra frente, mas a amizade acabou indo. Que descoberta engraçada, a roteirista com boas idéias e diálogos melhores ainda tinha não mais que 13 anos. Pelos 13 anos que tinha, numa época que eu tinha meus 23 mais ou menos, eu dei a ela o apelido que a Noiva de Kill Bill ganhou: Kiddo.



Kiddo, menina, fã de Harry Potter, parceira de idéias, escritora de Fanfics, boa com esse negócio de juntar palavras como pouca gente que eu conheço, meiga, Rock'n'Roll star, personalidade forte, sentimentos um pouco mais frágeis, inteligente, intensa na forma de lidar com a vida, maior que qualquer descrição que eu tenha a pretenção de fazer.



Com o tempo foi se tornando mais do que um acontecimento feliz no meu MSN, uma grande amiga por quem, mesmo de tão longe, acabei ganhando o hábito de torcer e partilhar as coisas dos dias que vão passando.



Vi muito acontecer pelas suas palavras, e ainda teimo em pensar que tudo passou tão rápido. Tão rápido que é engraçado constatar que está fazendo hoje 15 anos de idade.
Um pouco menos kiddo, um pouco mais mulher, bem sei.



Eu te desejo nesse aniversário muitos momentos daqueles que se guardam como tesouros, um belo par de asas, muitas descobertas sobre si mesma e o mundo que te cerca, novas cores, muitas histórias, e tudo aquilo que faz da vida essa coisa tão vertiginosa e bonita.



Feliz Aniversário!


Velinho.

"The world is your oyster now / you can do as you want to do / the world is your oyster now / so go out / and get high / and get whatever you want to / Desperate Andy.
(Cranberries - Desperate Andy)

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Da convivência.





Conversando com uma amiga minha, ela me perguntou o que eu fazia. Respondi que estava ouvindo um repente no Youtube. Ao terminar a frase, achei aquilo tão engraçado. Repente, Youtube. Duas coisas tão opostas partilhando assim uma mesma frase de um diálogo daqueles que não têm pretensão alguma.


Fiquei muito satisfeito com o acidente, quase como alguém que vê uma estrela cadente no céu. Existem muitas coisas bonitas neste mundo, e nas pessoas do meu tempo, e elas geralmente precisam de carinho na forma de enxergar as coisas para se fazerem aparecer.



Talvez pelo meu pezinho no Nordeste (meus avós por parte de pai vieram do Rio Grande do Norte), eu tenho um amor enorme pela cultura de lá. Literatura de cordel, as piadas, os repentes...

Sobre o assunto, gostaria muito de escrever sobre um desses personagens únicos da cultura do Nordeste, que é Patativa do Assaré. Os poemas dele conseguem me emocionar. Mas vou ficar devendo esse post, por ora.


Até a próxima!


"Paraná Paraná / capital é Curitiba / João Pessoa é Paraíba / Fortaleza é Ceará..."


quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Das músicas da Legião.

Sexo verbal
Não faz meu estilo
Palavras são erros
E os erros são seus...
Não quero lembrar
Que eu erro também

Um dia pretendo
Tentar descobrir
Porque é mais forte
Quem sabe mentir
Não quero lembrar
Que eu minto também...

Bom, hoje eu vou falar de Jean Jacques Rousseau. Err.. não exatamente, mas se Renato Manfredini fez-se Russo por causa de Rousseau, devo presumir que falar de uma música dele deve ser falar um bocado do filósofo.

O inferno são os outros, já dizia alguém bem famoso e salvo engano falecido, cujo nome eu não lembro agora. É algo que fazemos sem querer, dar às pessoas os defeitos que estão dentro da gente. Quanto mais dentro da gente, mais nos incomoda quando os vemos no outro.

Estou falando de todo tipo de gente. Eu disse todo. Os políticos que roubam obscenamente o dinheiro do povo, os criminosos que cometem atos hediondos, todo tipo de gente que faz tudo aquilo que te causa mais horror, a essas pessoas eu também estou me referindo.

Elas são possibilidades suas. Teimamos em dizer que são abominações, monstros, que elas são o inferno, mas o fato é que elas são tão monstruosas quanto vocês poderiam se tornar. Somos todos maus, somos todos corruptos, somos todos santos, todos somos tudo.

Os problemas da nossa sociedade são feitos de pessoas, como todo o resto dela. Isso não significa que as pessoas sejam o problema. O caos aéreo é um problema gerado por um somatório de pessoas que não conseguiram ver as proporções que as coisas tomariam, sendo conduzidas daquele jeito. O problema está nas pessoas diretamente envolvidas tanto quanto está em mim e em você. Sobre a vergonha que é a política no nosso país: culpa dos políticos? Não! A criminalidade também não é culpa dos bandidos. Não adianta matá-los todos ou fazer o que quer que seja, continuarão havendo bandidos.

Nem genocídio daria jeito.

Não quero tirar a implicação das pessoas sobre as coisas, mas o fato é que nos referimos a problemas enormes, que precisam de uma visão muito ampla, como uma somatória de pessoas-problema que estão de sacanagem com a sua cara, e resolveram colocar em prática todo o horror que, eu lhe digo, te parece assim porque é parte de você também.

Não é porque a culpa não recai sobre alguém que o problema não é passível de solução. O que eu digo é que em um meio onde todos agem de forma semelhante, por mais distorcida que seja essa forma, tem alguma coisa errada com o meio. Se essas coisas não forem pensadas, a maldade fica sendo um cargo, no qual as pessoas se revezam. Permaneceremos discursando indignados e nenhum problema sequer vai ser resolvido.

É, parece que estou de advogado do diabo aqui.

A única coisa que eu queria dizer, é que não devíamos ficar com tanta raiva uns dos outros. Talvez haja algo mais produtivo a se fazer em temos como estes.

É isso, segue a música.

Eu sei! Eu sei!...
Feche a porta do seu quarto
Porque se toca o telefone
Pode ser alguém
Com quem você quer falar
Por horas e horas e horas...

A noite acabou
Talvez tenhamos
Que fugir sem você
Mas não, não vá agora
Quero honras e promessas
Lembranças e estórias...
Somos pássaro novo
Longe do ninho
Eu sei! Eu sei!...

(Legião Urbana - Eu Sei)

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Da promessa.

Uma das minhas músicas favoritas da Legião. Aproveitem.

É saudade, então
E mais uma vez
De você fiz o desenho mais perfeito que se fez
Os traços copiei do que não aconteceu
As cores que escolhi entre as tintas que inventei
Misturei com a promessa que nós dois nunca fizemos
De um dia sermos três
Trabalhei você em luz e sombra
E era sempre,
Não foi por mal
Eu juro que nunca quis deixar você tão triste
Sempre as mesmas desculpas
E desculpas nem sempre são sinceras
Quase nunca são
Preparei a minha tela
Com pedaços de lençóis que não chegamos a sujar
A armação fiz com madeira
Da janela do seu quarto
Do portão da sua casa
Fiz paleta e cavalete
E com lágrimas que não brincaram com você
Destilei óleo de linhaça
Da sua cama arranquei pedaços
Que talhei em estiletes de tamanhos diferentes
E fiz, então, pincéis com seus cabelos
Fiz carvão do baton que roubei de você
E com ele marquei dois pontos de fuga
E rabisquei meu horizonte
E era sempre,
Não foi por mal
Eu juro que não foi por mal
Eu não queria machucar você
Prometo que isso nunca vai acontecer mais uma vez
E era sempre, sempre o mesmo novamente
A mesma traição
Às vezes é difícil esquecer:"Sinto muito, ela não mora mais aqui"
Mas então, por que eu finjo
Que acredito no que invento?
Nada disso aconteceu assim
Não foi desse jeito
Ninguém sofreu
É só você que me provoca essa saudade vazia
Tentando pintar essas flores com o nome
De "amor-perfeito"
E "não-te-esqueças-de-mim"

(Legião Urbana - Acrilic on Canvas)

sábado, 4 de agosto de 2007

Do Telemarketing.


Ah, bom dia!

- Percebo que você me ligou, o que com certeza significa que você quer falar alguma coisa comigo.
- No entanto, o fato de você ter me ligado de forma alguma significa que eu queira falar alguma coisa com você.
- Um brinde? Isso geralmente significa que vocês acham que eu não preciso tanto do seu produto quanto possa parecer a mim, e para compensar isso vocês colocam junto um produto do qual eu muito provavelmente preciso menos ainda.
- Promoção? Vocês então estavam me vendendo um produto mais caro do que é viável que ele chegue a mim? Devo deduzir que o abatimento no preço ainda o mantenha muito além do que o produto geralmente vale, certo?
- A propósito, o salário que estão te pagando para me importunar não poderia ser aplicado no produto, de forma que, caso eu realmente precisasse dele eu poderia tê-lo com mais qualidade e por um preço menor?
- Isso tudo não é agir de má fé?
- Alô?
- Alô?

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Dos obstáculos.

Mais um do Mário Quintana pros viajantes que acabam tropeçando neste espaço (semelhantemente ao fim do tempo, de Chrono Trigger que vai merecer um post mais a frente)

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

(Mário Quintana - Poeminha do Contra)

É isso, ainda tem muito caminho pela frente, e essa coisa toda que me deixou mal assim pelo menos está me fazendo pensar sério no tipo de psiquiatra que eu quero me tornar.
Segue a vida.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Dos Anjos Chorões.


Em cima do meu telhado,
Pirulin lulin lulin,
Um anjo, todo molhado,
Soluça no seu flautim.

O relógio vai bater;
As molas rangem sem fim.
O retrato na parede
Fica olhando para mim.

E chove sem saber por quê...
E tudo foi sempre assim!
Parece que vou sofrer:
Pirulin lulin lulin...

(Mário Quintana - Canção da Garoa)

sábado, 28 de julho de 2007

Das contradições.

A gente vive num mundo que diz que a vida é agora, muito provavelmente porque temos plena noção de que no futuro a vida vai deixar de ser.
A gente vive numa sociedade que está envelhecendo, mas que faz apologia à juventude e à beleza.
A gente está engordando cada vez mais, mas o modelo das roupas é cada vez menor, a ponto de um dia chegarmos a conclusão de que roupa é coisa para poucos. (E andaremos pelados e cheios de celulite?)
A gente fundou o nosso conceito de sucesso em competir, vencer e subjugar o seu semelhante, e ainda temos a cara de pau de dizer que as pessoas deveriam se unir e ter mais atenção umas às outras.
A gente quer que ouçam o que temos a dizer, mas não queremos ouvir o outro.
A gente está aos poucos se enterrando no lixo de nossos desperdícios e luxos, mas fazemos apologia à atualização constante e eterna.
A gente vive em uma realidade repleta de pessoas com destinos miseráveis e infelizes, e ainda agimos como se as causas a serem defendidas se acabaram ao final da ditadura militar.
A gente acha que as pessoas estão perdendo a humanidade e a paciência, mas não temos nem paciência para esperar uma velha senhora, moradora de rua, escolher o que ela vai conseguir levar da estante com seu parco dinheiro em um supermercado, nem humanidade para oferecer ajuda, ou a vida.
A gente sabia o que era ser feliz, e ter uma vida que valeu a pena ser vivida, agora a gente precisa que um especialista qualquer que nem nos conhece o diga para nós.
A gente tinha rituais, fé, crenças. Agora quem dita os nossos rituais são as empresas.
A gente tem toda a informação que se poder conseguir, mas não conseguimos lançar juízo crítico sobre elas.
A gente tinha folklore (conhecimento do povo), agora ele foi transformado em crendice e superstição.
A gente tinha dias e noites, épocas, estações do ano, períodos menstruais, maternidades e celebrávamos isso tudo. Tinhamos dias de descanso e momentos em que nos permitíamos não trabalhar. Agora tudo isso se reduz a um linear "aberto 24 horas por dia, sete dias por semana".
A gente vive para tomar do outro, e não entendemos por que as coisas parecem não ir para frente.
A gente vive como se não tivesse nada de errado, mas o fato é que tem.
A gente até sabe o que tem que fazer, mas o fato é que a gente não faz.

Não dá pra assimilar o sofrimento de um mundo inteiro de uma vez, mas o fato é que estamos sofrendo, e nossas mãos estão sujas.
E não podemos lavá-las.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Da Hierarquia.

Everybody helps me make my own mistakes
If I'm left alone
I'd make them anyway

Great events, but can't predict
What's happening in present tense
No reference in code to me

(Mansun - Anti Midas)

Em que buraco eu fui me meter... Acabaram ex officio com a minha coerência interna. Justo aquilo que eu achava que me tornava um médico melhorzinho, capaz de lidar com as situações sem me sair ferido. A idéia do acordo entre pessoas, do respeito... tudo acabado. E eu deixei.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Da realidade.

É engraçado como temos certeza acerca do que as coisas são de fato. Principalmente entre as pessoas da Era da Informação onde para tudo existe uma informação dominante, de forma que para tudo existe um protocolo, de forma que para tudo que existe fora do protocolo, existe uma tendência a reprovar e punir. Se alguma coisa dá errado, mas você seguiu o protocolo, a culpa é da coisa. Se alguma coisa dá errado e você não seguiu, bem... a culpa é sua mesmo. Em todos os níveis pensáveis.

Mas nossas certezas são frágeis, porque para apreender o mundo, nós só temos os nossos sentidos, e os nossos símbolos, e o nosso raciocínio, não muito mais do que isso. Dói dizer, mas eles são limitados. E o preço que a gente paga para ter a ilusão de que há segurança dentro do protocolo, de que todos os tomates serão vermelinhos e terão o mesmo tamanho, de que com certeza absoluta chegaremos em casa sãos e salvos porque todas as possibilidades de algo dar terrivelmente errado estão contempladas, é que a gente coloca à margem a fração da realidade que diz que as coisas estão longe de serem bonitinhas e lineares como as pintamos. É uma fatia ENORME da realidade que a gente discarta para fazermos funcionar a nossa forma de realidade.

Esse jogo também atinge a medicina. Pacientes são ignorados na parte da realidade que não cabe na forma. O que cabe em um protocolo, pelo protocolo é tratado. O que não cabe não existe (ou precisa não existir para que possamos dar credibilidade ao protocolo, afinal de contas já imaginou falar pro estatístico que cada um dos 31% de casos que evoluiu de forma favorável com a medicação o fez de forma absolutamente única?). Esse é o mundo onde a falha está em fugir do protocolo (esquecendo que cada falha se dá de forma absolutamente única pelos motivos já citados).

O fato é que eu vivo em um lugar onde as coisas fogem do protocolo. Um lugar onde o conhecimento estéril e altamente reprodutível e linear se mostra muito difícil de satisfazer. Um lugar onde a quantidade de variáveis que devem ser descartadas em nome do protocolo é, ao meu ver, proibitivo. Essa coisa chamada psiquiatria, em que sabemos razoavelmente bem a quem servir, mas não fazemos a menor idéia de como servir.

As pessoas do meu tempo se pautam pelos protocolos, que por sua vez se pautam por um monte de evidências e outras coisas, que por sua vez se pautam no quão perto de uma certa forma de existir conseguimos colocar o paciente. Esta certa forma inclui se manter calmo, competitivo, produtivo, pró-ativo, independente, etc. Esta por sua vez, se pauta em uma outra forma de existir, que todos deveriam ter, mas ninguém de fato tem. É a forma de existir das pessoas musculosas, saradas, lindas, que acordam com um hálito maravilhoso, maquiadas, com cabelos arrumados, fazem Yoga e vivem, em suma, em estado permanente de graça. Infelizmente, essa forma dura o intervalo comercial.

E eis o material de trabalho do psiquiatra: Um indivíduo que tem por objetivo estar produtivo e sob controle, mas que acha que deveria estar feliz e viver num caminho de flores de comercial de desinfetante, uma visão na qual a pessoa começa num protocolo e subitamente some em um vazio inexplicável e um conjunto de terapias claramente enviesado para a ilusão de que se sabe tudo sobre os indivíduos que eventualmente padecem de alguma doença mental.

Me pergunto se é válido lutar pelo reconhecimento dessa realidade que foge à ilusão de controle, que geralmente se mostra perigosa e imprevisível de se lidar. A experiência mostra que os que se dispõem a lidar com ela saem dela mais fortalecidos da experiência, pois colocam à sua frente uma realidade mais honesta. Me pergunto se é uma causa a se defender, porque as pessoas do meu tempo não se mostram dispostas a sofrer. Tenho medo de me tornar um moralista como meus colegas, pregando o rigoroso oposto exatamente da mesma forma.

Por enquanto, entendamos as regras para podermos quebrá-las de forma responsável em algum momento.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Da publicidade.

Sabe, eu sempre pensei muito que, ao invés de médico, pudesse me tornar um publicitário. Publicitários cuidam de passar idéias para as pessoas, e eventualmente idéias que despertam o que há de melhor nelas. E então eu me lembrei que ser publicitário implica em ter que vender coisas.

E então eu paro diante da televisão na hora do comercial e vejo o que estão fazendo com as pessoas do meu tempo. É um massacre: Aproveite a vida, eles dizem, porque ela é agora, intensamente, mas com moderação, seja radical, mas sem correr riscos, ganhe energia para o seu dia a dia e relaxe, seja bonita do jeito que você é e compre agora o produto que vai te deixar igualzinha uma modelo.

Você não fica confuso vendo propaganda? Eu fico...

Não, consumir não vai te fazer feliz, consumir não vai te tornar mais amável, consumir não vai te dar a mulher dos sonhos (apesar de haver uma mulher nos sonhos em cada comercial), consumir não vai te tornar outra pessoa. Não, não vai acontecer. Não por isso.
As pessoas vendem produtos, eles são bons ou ruins, você pode querê-los ou não, e não há nada de errado nisso, mas não passam de produtos.

As pessoas do meu tempo vieram ao mundo para tomar algo de mim e de você. Legal se elas um dia se contentarem em simplesmente dar o seu melhor para o mundo. O dia que isso acontecer, a publicidade vai se libertar do seu compromisso com o consumo e virar uma forma de arte. Uma bela forma de arte vai ser, diga-se de passagem.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Do erro.

"Errar é humano" (Dito popular)

Um dia, dizem que o mundo já foi composto basicamente de caos. E do caos as coisas foram mudando até dar no mundo que a gente conhece. E graças a que? Ao erro. Sim, ao erro, pois se a primeira forma de vida fosse desprovida de erro, suas replicações seriam perfeitas, e ela não conseguiria produzir nada além de cópias suas, colocando em toda a teoria da evolução das espécies de Darwin (e o próprio Darwin, enquanto criatura) um ponto final.

A penicilina foi descoberta por um erro. O mecanismo que explica a ação dos antidepressivos também foi por um erro. E o Viagra? Erro. Benjamin Franklin, quando perguntado da invenção da lâmpada e de seus fracassos anteriores, disse que ele havia inventado não só uma forma de fazer a lâmpada, mas umas mil formas de não fazer uma.

E mesmo sendo o erro auma coisa assim tão importante, o que as pessoas do meu tempo fazem? Tornam o erro uma condição imperdoável. Todos querem resultado. Todos estão pagando. E vêm com dados estatísticos e estudos duplo cego randomizados dizendo que sabem o que é certo, e baseado em evidências. Evidências que servem aos resultados, e só Deus sabe a mais o que.
Qualquer coisa diferente é erro. E erros não serão tolerados. Nem o livre pensar, nem os pontos de vista discordantes, nem as pessoas diferentes.

Essas são as pessoas do meu tempo. Elas não erram, elas não perdem, elas seguem o protocolo.
E elas vão dar um ponto final a mim, a você, a teoria da evolução das espécies de Darwin, à memória do Darwin e ao resto todo.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Resultado.

Resultar, v tr. ind. e intr. Ser a consequência lógica, a conclusão, nascer, provir, tornar-se, redundar, dar em resultado, orignar-se, pred. tornar-se em resultado, vir a ser (Do lat. resultare)

"Resultado é um punhado de variáveis que você observa, em detrimento de uma infinidade de variáveis que você ignora".