sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Letras e música, parte I




Essa imagem é de um vídeo chamado "A quoi ça sert l'amour?" que, apesar de a música ser em francês, é auto-explicativo.


Eu tava lendo esses dias o blog da Nina Lotus, e encontrei um texto sobre as diferenças entre homens e mulheres, e como as pessoas do meu tempo acabaram lidando com a coisa. Resolvi levar este texto aqui a termo, então, pra dar seguimento à discussão.

(Emílio Dantas - Quem pode dizer que não?)

Era incompatível

Mas incrível era a maneira de ser vivo

Só pelo fato de não compatibilizar

Simples e claro assim como na escuridão

É confuso de se enxergar

Era inconsciente, por escolha, não saber o que era a gente

Linda displicencia de deixar pra lá

Como sincronizar as batidas dos seus pés no chão

No compasso do meu coração


Há quem fale em feminismo e direitos iguais entre homens e mulheres. São idéias discutidas há algum tempo na nossa sociedade. Não dá muito certo porque o fato é que há sim diferenças entre homens e mulheres, e essa coisa enxertada de ignorá-las acaba gerando um certo desconforto. Como não podia deixar de ser, nossa sociedade especial (cheia de especialistas) que sabe mais do que qualquer outra que já pisou nesse planeta (até parece) adicionou a essas idéias que tratam de homens e mulheres o mote: "mas celebrando as diferenças". O que infernos eles querem dizer com isso?

Não sei muito bem, mas provavelmente viram que feminilidade rende lucro, grana, e por isso optaram pelo adendo. Se assemelha muito ao código contraditório que nos é transferido todos os dias que nos torna ansiosos, desorientados e nos faz perder a noção do que de fato é necessário nas nossas vidas e dos riscos e benefícios que podemos nos permitir. Em suma, nos torna consumidores de não sei o que, não sei por que.


Já dizia o menininho de Um tira no jardim de infância, cujo pai era ginecologista: "Meninos têm pênis, meninas têm vagina". Certo, menininho, mas as diferenças vão muito além desta bastante evidente. Talvez até seja este mesmo o começo das diferenças, o biológico.


O aparelho reprodutor do homem é estruturado para fecundar a maior quantidade de mulheres possível, de forma a passar adiante seus genes (de acordo com a teoria do gene egoísta de Dawkins, ou o que eu acho que ela diz, não pensem que eu li Dawkins) ou sei lá o que. Sendo assim, a idéia inicial é relacionar-se com a maior quantidade possível de mulheres, o que não tem nada a ver com afeto.


Já as mulheres precisam investir em média 36 semanas na vida que pretendem gerar. O elo entre mães e filhos é muito mais intenso e evidente do que o de um pai. Este investimento está presente na forma com que mulheres lidam com os relacionamentos, é o que faz com que para investir em um relacionamento, a mulher precise necessariamente desinvestir nos relacionamentos anteriores.


O aparelho reprodutor feminino é uma conjunção de fenômenos e ciclos, todo marcado por momentos, em função das células tão preciosas que são os óvulos (é, em suma, lindo) enquanto que o do homem é melhor descrito como linear e constante, que gira em função de células infindáveis. Sendo assim, as condições quem impõe é a mulher. Ao homem resta correr atrás destas condições.


Isto posto, não parece absurdo querer tratar tudo como uma e a mesma coisa? Pois é.
Há quem a essa altura do texto esteja pensando que não é bem assim que acontece, que conhece milhares de situações totalmente diversas do que foi colocado. Eu não estou com este texto pretendendo falar do que a dialética homem-mulher é, mas em cima do que ela é construída. E o fato é que a forma com que lidamos com essa diferença (negá-la, inclusive) é uma obra feita a várias mãos, que começa no dia em que nascemos e acaba incompleta no dia em que morremos.

Há também quem pense que, desta forma, homens e mulheres estão fadados a se machucar e se enganar, e se decepcionar indefinidamente até o apocalipse, tamanha a diferença entre os pontos de vista e as formas de se lidar com essa questão tão fundamental.

Até onde eu entendo, esse equilíbrio tão desequilibrado, frágil e penoso são o que torna o amor algo tão absurdamente belo.

E se o coveiro se apaixonar pela morte?

Se o azar quiser beijar a sorte?

Se o fim resolver ficar mais perto do começo, quem pode dizer que não?

Era essa vontade de metade pra quem sabe ser inteiro

Mesmo que a vontade também fosse meio

Confuso e escuro assim como é simples chegar

Quando tudo se clarificar

Era a conclusão de que isso tudo era ilusão

Como se fosse a única coisa real

Como não entender o sorriso que vem ao querer

Esse seu doce gosto de sal


É isso, até a próxima ;)

P.S.: A música é de Emílio Dantas, vale muito a pena conhecer o novo trabalho dele: http://www.emiliodantas.com.br/

3 comentários:

Ollie disse...

Psicogato, demorei, mas cheguei. Vi seu comment no mesmo dia, e passei os olhos pelo post, mas tenho estado deveras enrolada... então, antes tarde, lá vai:

Acredito, sim, que homens e mulheres têm essência diferente, e que a essência é algo muito difícil (pra não dizer quase impossível) de modificar por completo. A gente se molda, se amolda, mas só que muda radicalmente é personagem de novela da Globo.

Acredito que haja uma tendência a determinados comportamentos e características, tanto nos homens quanto nas mulheres. Contudo, como no outro comment (no post da Nina), acho que muito é lenda e pouco é, digamos, natureza.

Por exemplo, essa teoria do aparelho reprodutor. Sentido? Tem sim, e muito. Mas se tem uma coisa em que eu acredito, no mundo, é na Natureza. Eu acredito em Deus, mas mesmo que não acreditasse, a Natureza se incumbe de embasar minha justificativa pra achar que essa teoria não pode justificar o comportamento polígamo masculino e monogâmico feminino.

Eu simplesmente creio que a Natureza (ou Deus, pra quem acreditar também) não seria imperfeita em criar duas situações incompatíveis, quais sejam:

1 - existe o amor entre homem e mulher;
2 - existe a divergência de comportamento sexual entre homem e mulher.

Isso é fadado ao fracasso, se falarmos de modo genérico. Nos animais ditos irracionais, pelo menos no que se comprovou até hoje, não existe o amor nos moldes humanos. Logo, eles podem viver em poligamia sem nenhum conflito ou sofrimento psicológico, o que não ocorre conosco. Os animais, em sua maioria, também têm gestações curtas, o que diminui o período de exclusividade da fêmea.

Enfim, embora eu esteja escrevendo com uma certa pressa e talvez não sendo tão clara quanto eu gostaria, acho que dá pra entender o que quero dizer.

Aqui confesso que fui comentando à medida em que ia lendo, logo, antes de chegar na parte em que você mesmo diz exatamente o que eu acabei de desenvolver sobre deduzir que o relacionamento H-M é fracasso certo. :)

Mas adorei o modo como você fechou a idéia do texto. Sou uma romântica incorrigível (você já deve ter notado isso pelos meus posts no blog) e gostei da maneira que você enxerga o amor e as mulheres.

"são o que torna o amor algo tão absurdamente belo."

Beijo!

Anônimo disse...

Maninho!
Ao ler este texto me lembrei de vc!
Bjos

Sucesso

"O sucesso é construído à noite! Durante o dia você faz o que todos fazem."
(texto original de Roberto Sinyashiki)

Não conheço ninguém que conseguiu realizar seu sonho, sem sacrificar feriados e domingos pelo menos uma centena de vezes.

Da mesma forma, se você quiser construir uma relação amiga com seus filhos, terá que se dedicar a isso, superar o cansaço, arrumar tempo para ficar com eles, deixar de lado o orgulho e o comodismo. Se quiser um casamento gratificante, terá que investir tempo, energia e sentimentos nesse objetivo. O sucesso é construído à noite!

Durante o dia você faz o que todos fazem. Mas, para obter um resultado
diferente da maioria, você tem que ser ? especial.

Se fizer igual a todo mundo, obterá os mesmos resultados. Não se compare à maioria, pois infelizmente ela não é modelo de sucesso.

Se você quiser atingir uma meta especial, terá que estudar no horário em que os outros estão tomando chope com batatas fritas. Terá de planejar, enquanto os outros permanecem à frente da televisão. Terá de trabalhar enquanto os outros tomam sol à beira da piscina.

A realização de um sonho depende de dedicação. Há muita gente que espera que o sonho se realize por mágica. Mas toda mágica é ilusão. A ilusão não tira ninguém de onde está. Ilusão é combustível de perdedores.

"Quem quer fazer alguma coisa, encontra um meio. Quem não quer fazer nada,encontra uma desculpa."

Muitos beijos

Mariana Zambon Braga disse...

demais esse seu texto...
as diferenças existem, graças a deus!